sábado, 9 de março de 2019

Tantas vezes tentei dizer-te que a nossa história não foi um mero acaso.
Um reencontro de almas é um momento único.
Devia poder parar-se o tempo para celebrar com champanhe.

Quando dois amantes se reencontram após tantas vidas, o Universo conspira a favor.

E o nosso reencontro foi mágico.

Concordarias se eu dissesse que o nosso amor nasceu quando me escreveste uma carta.
Uma carta manuscrita numa caligrafia cuidada mas com um toque de ansiedade.
Querias conquistar-me nos pequenos pormenores.

E foi ali que me apaixonei.

Num mundo perfeito a nossa história de amor teria sido invencível.

Tínhamos tudo para dar certo. Excepto o timming.
O timming nunca foi o nosso forte.

Houve sempre alguém que chegou primeiro à estação.
E o outro perdeu o comboio.

E tem sido assim esta nossa história de encontros e desencontros.
Por vezes cruzamo-nos em algum aeroporto, mas já com bilhete de ida para outro voo.

Agora já sou só eu que escrevo as cartas.


E tantas foram as vezes que refiz as cartas que te escrevi.
As palavras que risquei.
As horas que passei a reviver cada palavra que dissémos.
Cada momento em que nos olhámos em silêncio, sabendo exactamente o que cada um pensava.

E um dia deixaste de acreditar.
Perdeste a fé.
Desviaste o olhar e deixaste um espaço entre nós.
Os silêncios foram mais longos.
As esperas maiores e as cartas deixaram de se escrever.

Mas eu continuo a escrevê-las, uma e outra, na minha cabeça.
Com ou sem as palavras certas, escrevo longos poemas de amor, prolongando-me nos pormenores que me lembram de ti.
Mas já não as envio. Não sei para onde.
Perdi-te algures entre uma estação e outra.

Deixei-te acreditar que já não te amava.
Mas procuro um pouco de ti em todos os homens que passam por mim.
Uma voz. Um sotaque. Um azul no olhar.
Em cada homem que se cruza no meu caminho procuro desesperadamente traços de ti.

Só eu tenho fé agora.
Continuo a acreditar que o nosso reencontro não foi um mero acaso.

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