quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"No profundo Azul"

Entro na água gelada e deslizo pesadamente para o fundo.
É escuro aqui.
Tenho frio.
Mal sinto o meu corpo.
As bolhas saiem bruscamente procurando a superfície,
talvez em busca de liberdade...
Mas escolho ficar mais um pouco aqui,
sentindo o subito silêncio.
O movimento da água embala o meu cabelo como se fora uma alga à deriva
E deixo-me caír numa sonolência subaquática.
Escuto o bater do meu coração.
Faz eco.
Ouço-o agora tão bem.
O profundo azul ilumina-se,
entram alguns raios de luz solar.
É lindo vêr o céu de dentro do mar.
As sombras, os brilhos, as transparências.
Tudo é tridimensional e envolvente.
Respira-se aqui...
Como?
Não sei...
Mas respiro...
Revigoro-me interiormente nestas águas cheias de sal e vida.
Fecho os olhos e revejo-me.
Sou eu aqui.
Eu.
O meu corpo, a minha Alma.
A minha pele, as minhas mãos...
vazias de promessas,
libertas de magia.
Aqui não há tempo, não há pressa.
A vida escolhe o seu próprio caminho.
Subir ou descer...
é tão simples...
Quando finalmente solto o ar tóxico
que retive durante tanto tempo,
as águas emergem-me dentro de uma bolha de ar gigante.
E numa golpada de ar frio o meu corpo volta a respirar como se fosse a primeira vez.