sexta-feira, 16 de julho de 2010


Ainda ontem a minha vida era assim...
Descomplicada...
Desamante...
Desinfeliz...
Desinteressadamente simples.
Ausente das histórias de amor;
Inescrita nos livros de poesia;
Apagada da lista do Cupido;
Longe de qualquer encontro e desencontro.

domingo, 25 de abril de 2010

" A última dança "


A guitarra tenta-me enquanto coloco o último gancho no cabelo.
Olho o espelho, agarro a saia e avanço para o palco.
O coração estremece a cada passo,
mas avanço sem medos,
confiante que será uma grande noite.
A dança é a minha vida.
O meu pequeno mundo de suspance.
Quando a guitarra toca, toca apenas para mim.
Toca com paixão,
Com desejo.
Com vontade de romper com tabus e preconceitos.

Enquanto me perco nestes pensamentos...
Eis que entras em palco.
Debaixo destes focos que te tornam tão devastadoramente atraente.
Entras como quem diz: "Cheguei!"
E o palco passa a ser teu.
A música começa baixinho...
enquanto te aproximas para me tomares nos braços.
Levanto a cabeça e revejo cada traço do teu rosto,
como se da primeira vez se tratasse.
Sorris e dizes-me baixinho:
"Hoje é a nossa grande noite"
A guitarra inquieta-se,
as cortinas abrem-se,
a luz apaga-se.
Ouve-se o meu coração bater.
Mas tu mantens-te firme e confiante.
A música dá início aos meus passos e deixo-me levar,
deslizando por este palco espelhado e negro como os teus olhos.
E a cada triste toque desta guitarra,
envolvemo-nos em paixão e fervor.
Ora me mandas para o chão.
Ora me afagas o cabelo enquanto me puxas junto ao teu peito.
Esta dança é só nossa.
Mas o ambiente envolvente enlouquece junto a nós.
A música toca mais alto,
a guitarra puxa por nós,
e já me lanço louca aos teus cabelos.
A rosa está agora na tua boca,
mas não tarda a ser arrancada ferverosamente pela minha.
Enrolas-me e beijas-me,
Lanças-me para longe e sorris maléfico.
O suor escorre-me pelo peito.
Levanto a saia e ergo a perna para te fazer suar também.
Deslizamos como uma chama acesa.
Enlouquecidos pelo som do violino que entra a meio do Tango.
Enquanto o piano marca os nossos passos mais lentos,
a guitarra insiste em nos queimar por dentro.
Mais uma volta e agarras-me por detrás.
Apertas-me uma vez mais,
e lanças-me ao chão.
A música atinge o seu auge e a guitarra morre.
A luz apaga-se.
E aos teus pés me rendo exausta.



domingo, 24 de janeiro de 2010


Segredas-me ao ouvido um poema que escreveste
E sorris dizendo...
Gosto de ti.
Assim...
de cabelo desgrenhado,
mesmo com olhos de choro,
com boca de recusa.
Gosto e pronto.
Não minto... tu sabes.
Sei que não és minha
Sei que não és de ninguém.
Mas gosto de ti assim...
sem maldade,
sem promessas,
sem pedir perdão.
Mordo o lábio cada vez que te aproximas,
tremo e deixo-te falar.
Não sei o que dizer,
perco-me nesse teu olhar.
Não sei de mim desde que me perdi em ti.
Quem sabe para onde fui...
Só sei que fui e não me encontro mais.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


Tão frágil este amor umbilical...
Tão inexplicavelmente dependente como se de água se tratasse.
Doce...
Como uma pequena pluma navegando pelo rio;
Rodopiando sem rumo;
Elevada pela brisa marítima;
Docemente navegando ao destino incerto.
Tão frágil...
Que sustenho a respiração para não se partir.
E no entanto tão forte,
Que nada me desfoca do seu alcance.
É este ser que dá sentido ao que se faz no mundo.
É este pequeno ser que vejo da Lua
e me perco durante horas só para o vêr sorrir.